Viva a competência! Viva

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Não faço a menor idéia do que esperar do futuro, principalmente agora que o modelo “ideal” e “possível” de mercado ruiu. Foi um estrondo.. Logo eles que nos avaliavam dizendo que não éramos confiáveis (palavras de Lula, o analfa), que deveríamos diminuir o Estado porque o mercado tem suas regras próprias e "elas" cuidam em premiar os competentes. Imaginem que muita gente de boa índole acredita nisso.

Percebe-se agora que a regra do mercado, sem regramento estatal, pode ser resumida no seguinte: quando o “mercado” estiver se dando bem à custa da maioria despojada do mínimo necessário para um bem viver, OK, afinal, os competentes merecem; mas quando o buraco aparecer, aí DEVEMOS usar os recursos públicos para sanear o mercado financeiro, pois nessa hora o Estado não pode se ausentar, afinal, ele, o Estado, não passa de uma ferramenta de administração das riquezas particulares.

Os mesmos recursos que não devem ser utilizados para diminuir o sofrimento de milhares que sempre foram e continuam sendo marginalizados dos pressupostos necessários para se galgar uma vaga no grupo dos competentes, são usados para evitar o fracasso do modelo ideal e possível. Por esta ótica, é plenamente aceitável a estatização dos prejuízos particulares com a utilização desses recursos.

Localmente, por certo, estaremos dando nossa contribuição, neste domingo, 05 de outubro de 2008, para a premiação dos “competentes”. Em janeiro, após nossa legitimação dos "competentes", os mesmos recursos existentes, diga-se de passagem, que deixam de ser utilizados para melhorar saúde, educação, transporte, moradia e tantas outras necessidades coletivas, passarão a ser utilizados para pagamentos dos “apoios” eleitorais. Como? Através dos mecanismos denominados cargo de confiança, dispensa de licitação, carta convite, fomento, etc, etc.
Interessantíssimo é que a maioria das pessoas que se beneficia dos recursos públicos como pagamento por suas decisões eleitorais são as mesmas que não admitem uma carga tributária tão alta. Parece que elas não compreendem que os recursos que lhes beneficiam são oriundos da altíssima carga tributária. Eu, ao contrário, acredito que se continuarmos aceitando práticas iníquas dessa natureza, devemos aumentar sim a arrecadação a fim de que sobre alguma coisa para as necessidades coletivas.

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