quinta-feira, 20 de março de 2008
BANCADA DA OPOSIÇÃO VETA CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO CULTURAL DE JANDUÍS
Trabalho em Janduís desde o ano de 2004. Assumi a Assessoria de Comunicação do Município no ano seguinte. Desde então, descobri uma cidade onde se respira cultura. Onde a vocação de um povo é a arte. Arte, que é Patrimônio daquele povo.
Não é preciso andar muito por lá para ver as variadas manifestações culturais: teatro de rua, capoeira, araruna, palhaços, pastoril, artes plásticas, música, coco de roda, poesia, entre tantas outras vertentes da cultura popular. Também temos por lá as feiras culturais de São Bento e de Santa Teresinha.
A arte, enquanto movimento de resistência, permitiu que até o cinema chegasse por lá. Não a estrutura física de um, mas a sétima arte em si. Uma equipe do cineasta Buca Dantas de filmes como “Viva o Cinema Brasileiro!” está na cidade produzindo a adaptação cinematográfica de uma peça de teatro, de um artista local, que, inclusive, ganhou o Prêmio Nacional Mirian Muniz de Teatro de Rua. O filme “Perdição” deverá contar com a participação do ator cubano Julio Perugorria, de filmes como Morango e Chocholate.
Esse movimento cultural em Janduís deu origem ao “escambo de teatro de rua”. Os artistas de rua de Janduís foram matéria da revista Veja “Estrelas do Sertão”, do Jornal do Brasil e Fantástico, no final da década de 80.

Esse espírito cultural é espontâneo e, a partir de 2005, voltou a ter incentivo do Poder Público do Município. Tanto que o Prefeito Salomão Gurgel criou o Conselho Municipal de Cultura e enviou esta semana para a Câmara o projeto de lei que criaria a Fundação Municipal de Cultura.
Esse projeto é uma determinação do Sistema Nacional de Cultural. No Rio Grande do Norte, apenas 24 municípios contam com esse órgão gestor que fortalece as políticas públicas culturais.
A Administração consultou a classe artística no mês de janeiro. Seria criada uma Secretaria de Cultura ou uma Fundação. Eles optaram pela segunda opção.
Animados, os artistas promoveram atos públicos culturais. Cortejos pelas ruas da cidade com manifestações pacíficas. A classe, em peso, lotou a Câmara Municipal. Em vão. A bancada oposicionista votou CONTRA o projeto. Vetou a Fundação Municipal de Cultura. Tentou vetar a cultura popular em Janduís.


Mas quem faz cultura não baixa o olhar diante dos desmandos de quem não entende o que é cultura. Os artistas, logo após a sessão, saíram em cortejo pelas ruas. Cantando, dançando. Chorando, mas ao mesmo tempo sorrindo.
A seguir os artistas gritaram suas lamentações, olhando para um novo dia. Pois, apesar do fato de terem jogado uma pá de terra sobre a cultura popular, ela não morre. Ela é perene e, no caso de Janduís, está no sangue de cada um.
Dedicado a todos os artistas da cidade de Janduís...
Postado por Raildon Lucena, o RV
3 Comments:
Grande Raildon!
Esse foi um lindo post. Um post "tapa na cara" de certos tipos de pilíticos com visões retardadas e ignóbias.
O que será que esses queridos vereadoes fazem? Trabalham ou acessa o orkut? Não, porque do jeito que as coisas estão nas câmares legislativas de hoje...
Não deixe que Janduís vire Caicó! Uma terra morta, sem cultura!
Força, artistas!
Boa tarde parabéns pelas materias....tomei a liberdade de colocar um link, em meu blog com o endereço de voçes.
Ficaria muito feliz se o meu pudesse aparcer na relação de voçes.
Grande abraço.
Francileno Gois
Isso mesmo, adorei, não deixem a cultura da sua região morrer, realmente vocês tem vocação para fazer/multiplicar a sua história.
Tive que pesquisar onde fica Janduís...
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